| Ibaneis Rocha: "O Fundo Constitucional é vital para segurança, saúde e educação. Sem ele, o prejuízo seria enorme, afetando não só o Distrito Federal, mas também o Brasil" | Foto: Renato Alves | 
Crítica do Governador ocorreu durante o evento Fórum Lide Brasil, na manhã desta quarta-feira (4), no Brasília Palace Hotel
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, voltou a        criticar o governo federal durante o Fórum Brasil | Transição        Energética, realizado pelo Lide Brasil e Lide Brasília, no        Brasília Palace Hotel. Com o tema "Transição energética e        desenvolvimento urbano", o evento reuniu políticos e empresários        na manhã desta quarta-feira (4). 
      Retomando as críticas feitas na terça-feira (3), durante a 4ª        Reunião de Governança Codese-GDF, Ibaneis Rocha preferiu abordar a        possibilidade de redução no Fundo Constitucional do Distrito        Federal (FCDF), no bojo do pacote de cortes nos gastos, anunciado        semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
      "Saiu da cabeça de alguém pouco iluminado do governo federal a        ideia de atrapalhar o DF mais uma vez. Há um ano e três meses, com        o apoio da classe política e empresarial, com o Paulo (Octávio)        nos ajudando, nós vencemos essa batalha no Senado, porque havíamos        perdido na Câmara, e conseguimos manter a correção do FCDF, na        forma originária", lembrou. "Aquela medida legislativa deu a        verdadeira independência do DF, que vivia, até aquele momento, de        favores do governo federal. E o que busca hoje este mal iluminado        à frente do governo federal? Simplesmente retroceder e colocar        novamente, não os governos, mas a população do Distrito Federal a        serviço do governo federal. Eles não conseguem admitir que a        capital da República não seja submissa a eles", completou.
      Ibaneis reclamou da medida impositiva do governo Lula. "Não        houve diálogo nem com a bancada deles aqui. É uma medida absurda        do ponto de vista legal, financeiro e conceitual. A comparação        feita, pelo ministro Fernando Haddad e por alguns da equipe        econômica, com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, da        Amazônia e do Centro-Oeste destoa totalmente da finalidade do        FCDF. Os primeiros são para desenvolvimento e investimento para        que estas regiões mais carentes possam ter sustentabilidade e uma        economia que gera emprego e renda. Já o FCDF é um fundo de custeio        para as forças de segurança, a saúde e a educação da capital. Essa        característica é que traz a necessidade de manutenção da sua forma        de correção", afirmou, apontando o risco de achatamento destas        categorias e elogiando a posição tomada pelo ministro da Justiça,        Ricardo Lewandowski, que defendeu a manutenção das regras do FCDF.
      As críticas do governador encontraram eco junto aos outros        participantes da solenidade de abertura do Fórum Brasil. O decano        do Supremo Tribunal federal (STF), ministro Gilmar Mendes,        reforçou o papel de Brasília e do Fundo Constitucional do DF. 
      "Em apoio às palavras do governador Ibaneis que é preciso        entender o papel de Brasília no contexto geral. E foi neste        cenário que se pensou, no governo Fernando Henrique Cardoso, no        Fundo Constitucional, para estruturar Brasília de maneira        adequada, tanto com responsabilidade fiscal. Brasília podia se        tornar um centro de criminalidade, infelizmente, e por isso era        ter condições de desenvolvimento", rememorou
      O ministro destacou ainda os desafios sociais enfrentados pela        capital, como o Sol Nascente, maior favela do Brasil. "Não é um        título que a gente queira ter. É preciso que os fundos sejam bem        aplicados e que haja atenção em relação a esta temática. Brasília        é importante para o desenvolvimento nacional, desde o projeto de        Juscelino Kubitschek. O País ainda não percebeu o estadista        grandioso que ele foi", completou.
      Para Paulo Octávio, presidente do Lide Brasília e co-anfitrião        do encontro, a alteração causa insegurança jurídica. "Na época,        como deputado e depois senador, ajudei a fazer o Fundo, no governo        Fernando Henrique Cardoso. O último ato dele como presidente da        República, em dezembro de 2002, foi sancionar a criação do Fundo,        que foi apoiado por todos os parlamentares, da Câmara, do Senado.        O FCDF veio beneficiar uma cidade que nasceu para ser a capital da        República e, de repente, querem mudar a forma dos reajustes, como        está acontecendo agora. Isso aconteceu ano passado, nós        conseguimos ganhar no Congresso, e a gente conseguiu reverter a        situação. E agora, de repente, vem nesse pacote uma nova ameaça",        destacou. 
      "Como o governador Ibaneis colocou bem, é um prejuízo que vai        aumentar a cada ano. Começa com prejuízo de R$ 1 bilhão, depois        vai aumentando, porque a forma do reajuste será diferenciada e,        logicamente, teremos menos recursos. É muito grave para uma cidade        de crescimento, que não tem indústrias, que nasceu para ser a sede        das embaixadas, da Justiça do nosso País e do governo. Brasília        não pode ser comparada com outras capitais. Ela é diferenciada        desde a sua criação. Nós temos que respeitar e parar de mudar as        leis de acordo com o governante que está no momento", disse. 
      O empresário confia que Congresso vai encarar com seriedade o        assunto. "O partido a que pertenço, o PSD, já deu o total apoio        para a não aprovação dessa mudança. Tenho certeza de que os outros        partidos também vão fazer o mesmo. É uma questão muito séria e não        pode ser tratada da forma como vem sendo", disse. Ele avaliou        ainda que o ajuste nas contas públicas não precisa prejudicar a        cidade. 
      "Brasília, dentro do panorama da redução de gastos de R$ 70        bilhões, é muito pequena. Não é prejudicando uma cidade que você        vai fazer esse ajuste. Eu acho que a economia tem que vir de        outras áreas, onde se gasta mais. Acho que o governo tem a sua        equipe econômica para analisar e há forma de reduzir. Os        orçamentos de alguns ministérios são imensos, então acho que se        pode fazer um ajuste fiscal sem prejudicar uma cidade. É essa        contrariedade que levamos ao governo federa. Não é justo mexer com        uma cidade, com um projeto que já está aprovado, que é        constitucional, que foi já discutido há tanto tempo. Não devemos        atrapalhar uma coisa que funciona bem", concluiu
      Avanços e desafios na transição energética
      Tema principal dos debates, os avanços e desafios da transição        energética no Brasil foram foco de dois painéis. A energia limpa,        especialmente a solar e a eólica, foram o foco das soluções para        transformar o Brasil em um líder global. Para o ministro Gilmar        Mendes, do STF, a importância da energia limpa é clara        especialmente a solar e a hidrelétrica. Ele também alertou para os        riscos das mudanças climáticas, citando que enchentes e secas são        sinais de que políticas ambientais são urgentes. 
      Anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças        Climáticas de 2025 (COP-30), o governador do Pará, Helder        Barbalho, abordou o mercado de créditos de carbono. No estado, já        foram certificadas 300 milhões de toneladas de carbono, com 12        milhões comercializadas por cerca de R$ 1 bilhão. "Esse mercado        representa uma nova economia para o Pará, beneficiando comunidades        e incentivando práticas sustentáveis", disse o governador, que        atribuiu o resultado à redução do desmatamento. 
      Ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou dos na        transição energética no Brasil. Apesar do potencial do País nos        campos de energia eólica e solar, é preciso um planejamento        regional que pode gerar tensões. "Cada região precisará resolver        suas demandas energéticas de forma local, o que pode gerar        conflitos, especialmente em um país com matrizes tão diversas",        afirmou. Ele também cobrou uma estratégia clara para que o Brasil        use sua posição privilegiada de forma eficaz.
      O economista Roberto Giannetti, head do Lide Infraestrutura,        falou do avanço das tecnologias de hidrogênio verde e baterias        estáticas, que serão braços essenciais na transição energética. "O        hidrogênio verde será fundamental para setores como a mobilidade        urbana e a indústria. E as baterias estáticas resolverão problemas        de intermitência na geração de energia renovável, como solar e        eólica", disse.
      Paulo Octávio falou do crescimento da energia solar na capital        federal. Atualmente, 20% dos empreendimentos em Brasília utilizam        energia solar. E em seus próprios empreendimentos a energia é 100%        solar. "A energia solar é uma fonte limpa, econômica e        sustentável, que oferece redução de até 20% nos custos para os        consumidores", afirmou.
      Ele também defendeu o planejamento antes da criação de bairros,        para melhorar a vida dos cidadãos e apoiar a transição energética.        "As cidades crescem no Brasil, muitas vezes, de forma desordenada.        Discutir o planejamento futuro de como o cidadão vai viver melhor        nas cidades é um grande tema. Acho que todos os prefeitos têm que        participar. Porque o urbanismo é uma questão social e de qualidade        de vida das pessoas", destacou. 
      "Nós vivemos em uma cidade que foi planejada, talvez com a        melhor qualidade de vida do mundo. O projeto inicial foi        respeitado, a cidade foi tombada e continua sendo preservada por        todos os governos que por aqui passam. O que está em jogo é o        homem e a qualidade das pessoas. Eu defendo, inclusive, que as        cidades sejam planejadas. Não adianta construir cidades espalhadas        porque depois o governo não tem condições de levar a        infraestrutura", concluiu.
    
Tags:
Goiânia EM PAUTA





.gif)


